SL Benfica - Getafe: 1-2

Uma gigantesca paragem cerebral de Cardozo pode ter custado a carreira do Benfica, este ano, na Taça Uefa. Pelo menos tornou-a muito difícil de manter. Não consigo compreender como é que um profissional de futebol comete tamanha estupidez, não há qualquer perdão, não há qualquer desculpa. Que rica tareia no ordenado tu levavas se fosse eu a mandar...

Para além da burrice de Cardozo o Benfica foi vítima de si próprio, foi vítima da sua grandeza, da ansia de vitórias que os benfiquistas têm que depois empurram para o relvado. Os benfiquistas são adeptos apaixonados, loucos pelo seu clube e essa loucura por vezes cega-os no que a futebol propriamente dito diz respeito. Quero com isto dizer que o Benfica quando se viu aos nove minutos com menos um jogador devia ter percebido que iria enfrentar um desafio físico muito complicado, o Benfica devia ter percebido que estava na primeira parte de uma eliminatória a duas mãos, devia ter percebido que tem um meio campo lento e macio e que a perda de um ponta de lança não afecta a estrutura da equipa. Ou seja, o Benfica devia ter percebido que, a partir daquele momento, devia congelar a bola, fazê-la circular de pé para pé entre os nossos jogadores, devia ter toda a paciência do mundo para no momento certo aproveitar a mestria de passe de Rui Costa e a rapidez de Di Maria e Rodriguez. Devia o Benfica ter percebido isso e deviam os benfiquistas ter percebido que era assim que se devia ter jogado. Mas não, nas bancadas só se ouvia "pressiona", "corre", "rápido", "cai em cima dele", "mexam-se". Isto simplesmente não é nada. Isto obrigou o Benfica a fazer um jogo de ataque quando não o podia fazer, obrigou o Benfica a ir à procura do resultado quando não o devia fazer porque os espaços na sua defesa iriam surgir com toda a naturalidade e foi dessa forma que o Benfica sofreu os golos.

Nas condições do jogo um empate a zero teria sido um excelente resultado. Uma pressão das bancadas para o relvado para que a equipa subisse, para que a equipa fosse rápida não fez sentido. Não era o jogo para isso. Era um jogo para a contenção.

A equipa lutou, teve garra e atitude, até practicou bom futebol mas pagou caro o atrevimento de querer atacar como se tivesse 11 jogadores. Gostei muito de Rodriguez, Nelson e Zoro, Rui Costa estava a sofrer em campo tanto ou mais que nós nas bancadas e algumas das suas decisões mostraram que estava a jogar mais com o coração do que com a cabeça, mas mesmo assim foi importantíssimo no toque de bola e no transporte da mesma para o ataque, gostei de Léo a atacar, Katsouranis fez o que pode, Di Maria tentou mas as coisas não saiem e Sepsi foi bastante intermitente. Mantorras mais uma vez demonstra que não precisa de muitas oportunidades para marcar e, apesar do segundo golo ser culpa sua, conseguiu reduzir o marcador e dar alguma réstia de esperança à equipa na deslocação a Madrid.

A arbitragem foi enervante para quem aos 10 minutos ficou sem um jogador, são mais os nervos do que as reais razões de queixa, a expulsão não tem discussão sendo as únicas coisas a apontar a falta de amarelo a dois jogadores espanhois e os singelos 2 minutos de descontos na segunda parte.

Tinha feito um pacto com o meu amigo Sérgio de não criticar Camacho na noite de hoje por respeito à sua dor mas não posso deixar de apontar o sistemático erro que o Benfica continua a cometer ao colocar jogadores a jogar sem terem as lesões devidamente saradas. Vi isto o ano passado e ficámos sem Luisão imenso tempo. E tinhamos opções no banco para se evitar esta situação.

Não atiro a toalha ao chão. Este Getafe não me assusta mas será preciso um Benfica à Benfica para vencer a eliminatória em Espanha. Não me dou por vencido e não quero aceitar que Rui Costa se despede das competições europeias desta forma. Ele não merece isso por isso toca a emendar este erro. E tu Cardozo só terás perdão se um hattrick teu nos levar ao Jamor...

Estou lixado com F bem grande....