Um Olho à Benfica #28

Tempo de Quaresma!

As trombetas anunciaram ontem a iminente transferência de Di Maria para o futebol inglês. Eu gostaria de dizer que, por quarenta milhões de euros, eu próprio estaria disponível para levar o jogador a Manchester, até ao local onde estivesse marcada a assinatura de contrato com o City.

Considero Di Maria um jogador extraordinário. Considero que quarenta milhões de euros são algo ainda de mais extraordinário. E que o Benfica não pode e não deve desprezar.

Todavia é preciso esclarecer os benfiquistas mais inquietos com a possibilidade do médio argentino se transferir para Inglaterra, que a cláusula de rescisão no contrato que o Benfica mantém com Di Maria, só pode ser accionada em Junho. Essa é a forma do Benfica se proteger da possibilidade de algum jogador considerado preponderante na equipa ser aliciado a meio da época e pior do que isso, transferido.

Estão no contrato de Di Maria, os dias em que começa e acaba o período de tempo em que a cláusula pode ser accionada. E é no mês de Junho.

Por isso, o Benfica não está obrigado a vender o passe de Di Maria no Inverno. Nem que chovam milhões ou que a vaca tussa.

E, no meu ponto de vista, é pena. Porque Di Maria está valorizado no seu máximo e nem a próxima participação no Mundial arranjará espaço para uma valorização superior.

É bom que as pessoas percebam que um Mundial ou Europeu apenas permitem valorizações de jogadores cujo mercado ainda não esteja totalmente escavado. Aos jogadores que chegam a uma competição destas, já com a sua valorização no máximo, como é o caso de Di Maria, apenas pode acontecer uma de duas coisas: ou mantém o valor adquirido, ou desvalorizam. O que é um risco, no caso de Di Maria. Para o jogador e para o Benfica, que pode perder a possibilidade de fazer o maior negócio da sua história.

E se me dispunha a levar Di Maria a Manchester, aproveitaria o avião para fazer uma viagem a Milão, no meu regresso, para resgatar Quaresma ao Inter de Milão.

Antevejo já uma enxurrada de críticas ao facto de mencionar a simples possibilidade de Quaresma substituir no Benfica o nosso Di Maria. É a vida e o custo de ter opiniões próprias. Eu tenho a minha e se alguém não gosta dela, pode sempre passar ao lado desta crónica.

Tenho uma adoração especial por Quaresma, desde o dia em que fiz os comentários para a Sporttv, no dia da sua estreia na equipa principal do Sporting. Sempre detectei em Quaresma mais talentos acumulados do que no próprio Cristiano Ronaldo. E por isso assumo que seria, para mim, um prazer enorme ver Quaresma jogar no Benfica. Equiparável ao prazer que senti, um dia, quando vi Futre ser apresentado em pleno estádio da Luz.

Em Portugal, Quaresma é um fenómeno. Na Europa, Quaresma é um fracasso. Não é uma questão de talento, é uma questão de idiossincrasia do jogador. Aliás, penso mesmo que Quaresma está destinado ao Benfica, mais cedo ou mais tarde. É a sua única hipótese de jogar num grande clube mundial e nosso campeonato, ao mesmo tempo.

Alegam-me o seu temperamento, que é um jogador complicado e que não tem a cabeça no lugar. Não estava a pensar nele para substituir José Águas na história do nosso clube, como melhor cabeceador. Além disso, o que funciona em Quaresma são os pés. E o par que ele tem é de uma qualidade inigualável.

Por mim, fazia assim. Se for verdade que os ingleses estão dispostos a pagar quarenta milhões de euros por Di Maria, o Benfica deve aceitar a proposta e acabar de vez com a fama de que é um clube que não sabe vender. E trazendo Quaresma, acaba também com o mito de que o Benfica não sabe comprar a seguir a uma venda importante.

É só vantagens.