As palavras de Guardiola

As recentes palavras de Pep Guardiola, na antevisão do jogo Bayern - Benfica para os quartos de final da Champions causaram algum reboliço junto das hostes benfiquistas. Reboliço positivo, entenda-se. Não é todos os dias que um treinador da qualidade de Pep tece rasgados elogios à nossa equipa pelo que é perfeitamente natural que o ego de benfiquista esteja satisfeito. Mas são palavras de cortesia, nada mais do que isso. Pep Guardiola é inteligente e sabe que, nesta fase da competição, não pode acicatar os ânimos (nem o orgulho) do adversário por muito que ele considere ser superior a ele. Assim, naturalmente, usando factos concrectos (o Benfica de facto sofre poucos golos, o Benfica de facto tem um ataque avassalador), elogia e valoriza o colectivo benfiquista. Tal como no ano passado elogiou o FC Porto de Lopetegui. Perfeitamente normal. 

O relevante das palavras de Guardiola não são os elogios à equipa nem ao clube mas sim a menção a Renato Sanches. Um treinador do estatuto de Pep Guardiola não precisa de fazer favores a ninguém e muito menos a um miúdo semi desconhecido que apareceu na alta competição apenas há seis meses. Qualquer treinador do mundo conhece Gaitan e Júlio César, qualquer treinador do mundo faz referência à dupla goleadora Jonas/Mitro ou mesmo ao papel importante de Pizzi no processo defensivo. Tal como os elogios ao colectivo, falar destes jogadores seria perfeitamente normal e enquadrado nas palavras de cortesia. Falar de Renato Sanches sai desse padrão. Um jovem em ascensão como Renato, ser referenciado por Guardiola, só terá efeitos positivos na sua moral, na sua atitude. Pep Guardiola, por muito cortês que pretenda ser, não terá qualquer desejo em beneficiar o adversário, de aumentar a possibilidade de sucesso da equipa que vai defrontar. Por isso, quando o melhor treinador da actualidade fala de Renato Sanches é porque, na realidade, o melhor treinador da actualidade reparou em Renato Sanches.