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quinta-feira, abril 30, 2009

Um Olho à Benfica #5


Modelo de governo

Ontem estive ao telefone com Jorge Valdano. Acontece algumas vezes, quando a urgência do contacto excede a habitual condescendência temporal a que estamos obrigados, enquanto esperamos por uma resposta a um email enviado. Tenho na minha cabeça organizar brevemente um conjunto de palestras, com grandes nomes do futebol mundial, trazê-los a Portugal e colocá-los perante o desafio da futura governação clubística. Jorge Valdano é a primeira dessas personalidades que convidei para vir a Portugal.

Quando falo com Jorge Valdano desde logo existe uma empatia pessoal que se aprofundou à medida que ele foi conhecendo o meu madridismo – já fui sócio do Real Madrid – e eu fui-me apercebendo do seu gosto pelo Benfica – “adorava Chalana e o que ele fazia com o seu pé esquerdo” e mais recentemente “ senti-me um apoiante do Benfica, por causa do meu amigo José Veiga” – até ambos ajustarmos as nossas ideias num sentimento comum. Ambos gostaríamos que o Benfica e o Real Madrid fossem as maiores potências do desporto ibérico.
Aliás, agora que Jorge Valdano está de regresso ao Real Madrid, o que se confirmará após a aguardada eleição de Florentino Pérez ao maior clube do século, deixo-me extasiar pela ideia de que, talvez um dia, Jorge Valdano e José Veiga – regressando ao Benfica - possam realizar, em cada um dos clubes, um projecto comum no âmbito do futebol europeu e que fariam do Real Madrid, do Benfica e de alguns outros clubes europeus a verdadeira locomotiva do progresso no futebol.

Não estou autorizado a divulgar a ideia e o seu conceito, mas de facto, confirmei o enorme engano em que o futebol permanece situado, enquanto é gerido como negócio e por pessoas exteriores ao negócio. Em Portugal, por exemplo, sempre achei muito curiosa a estranha tendência para os presidentes de clubes dividirem entre si uma inexplicável simpatia pelo negócio imobiliário. Mas será que existe alguma coisa no genoma humano dos empresários da construção civil que os recomende imediatamente para a gestão de um clube de futebol?

O futebol, urgentemente, precisa de uma mudança de paradigma.

O Benfica, por exemplo, há mais de vinte anos que discute o seu modelo de governo. Até hoje foram ensaiadas as mais variadas hipóteses, com Jorge de Brito, Manuel Damásio, Vale e Azevedo, Manuel Vilarinho e Luis Filipe Vieira. Em relação a Jorge de Brito, podemos dizer que foi um dos presidentes mais injustiçados da história do Benfica, pois os sócios do clube rapidamente esqueceram o seu mecenato clubístico que poupou aos sócios e adeptos grandes humilhações. Numa opinião pessoal foi o último grande presidente do Benfica, de uma linhagem riquíssima, mas que devido a uma personalidade misógina acabou sozinho e traído pelos seus pares. De Luis Filipe Vieira guardarei sempre a ideia de um presidente que se afastou sempre deste paradigma sócio-presidencial, mas que levantou o clube numa altura difícil. Porém, todos eles, nunca foram os presidentes que o Benfica precisava, pois em vinte anos o Benfica perdeu prestígio, hegemonia e a sua caracterização de clube vencedor.

A minha conversa com Valdano e a sua referência a este modelo de governo aprofundaram ainda mais as convicções que tenho de que o Benfica tem de virar a agulha. O Benfica tem dois sócios e adeptos que se ajustam a este novo paradigma e perfil presidencial. Vou começar por Rui Costa. É o presidente em quem os meus filhos irão votar, daqui a alguns anos. Eu próprio votarei. Mas tem de resistir ao veneno do deslumbramento. Como sabem, no futebol a pressa pode estragar tudo. Rui Costa a presidente no futuro, é sinal de inteligência, Rui Costa a presidente em Outubro é sinal de pressa. E a pressa no futebol pode matar. Se Rui Costa avançasse já para a presidência do Benfica, não seria a solução que promete vir a ser no futuro. Seria rapidamente o problema. Os benfiquistas não podem fazer com Rui Costa o mesmo que o clube fez com José Mourinho e José Veiga. Disse-me Jorge Valdano: «O Benfica devia ter resolvido o seu problema desportivo, com Mourinho ou com Veiga.». Vamos fazer com Rui Costa a mesma coisa?

Por isso é que sempre defendi a manutenção de Rui Costa nas suas actuais funções, independentemente do presidente eleito em Outubro, porque o seu estágio presidencial tem de ser feito no clube e não fora dele. Além do mais, vejo no perfil de Rui Costa um futuro presidente do Benfica mas num ambiente de completa purificação desportiva. Até lá, espera o Benfica e o próximo presidente do clube, uma enorme batalha pela desmontagem do presente sistema de favorecimento de um clube em relação aos outros.

Por isso, igualmente, a mudança de paradigma. Os benfiquistas suplicam todos os dias pelo extermínio das condições que em Portugal favorece a permanência de um clima de desconfiança nos resultados desportivos. Agora, eu pergunto: Acham mesmo que este é um trabalho para um gestor financeiro, ou para um empresário da construção civil, ou para um dirigente desportivo em começo de carreira, após doze anos passados em Itália, ou para um candidato director de um canal de televisão? Quantos anos é que os benfiquistas vão levar até perceber que o problema do clube não passa pela qualidade dos projectos, pela qualidade das pessoas, mas é um problema de perfil presidencial, um problema de competir num ambiente contaminado pelo favorecimento institucional e pela cristalização de um modelo desigual de tratamento dos clubes?

Eu sei que os benfiquistas querem ganhar. Mas devem, finalmente, começar a pensar onde é que se começam a ganhar campeonatos. E os campeonatos, antes de se ganhar no campo, começam a ganhar-se no perfil presidencial de cada clube. Vejam o exemplo do clube que domina em Portugal e tentem adivinhar o que seria desse clube com um presidente que, além do FC Porto, ainda tivesse a preocupação de gerir os seus negócios.

43 comentários:

Pedro disse...

A questão da construção é simples, por duas vertentes: Primeira e mais óbvia diz respeito ao facto de os construtores serem na sua maioria patos bravos, com sede de protagonismo e com dinheiro no bolso. Dinheiro esse q permite contratações sonantes em tempos de eleições; a segunda menos óbvia mas tb fácil de perceber tem a ver com os interesses nos vastos terrenos q os clubes detêm e/ou nas obras q estes precisam. Sendo o futebol um "mercado" muito fácil de correr o dinheiro e de rápida ascensão social é um alvo apetecível para estes "patos bravos".

Em relação ao perfil do presidente do SLB concordo em absoluto. É hora de o Benfica ter alguem a mandar q perceba de futebol. Há quem defenda q o presidente deve perceber de gestão e deixar o futebol para quem percebe. Eu defendo o contrário, o Presidente tem q ser o líder do futebol, perceber do futebol e o seu mundo e deixar a gestão financeira do clube empresa para gestores profissionais pagos para isso como em qqr outra empresa.

Rui Costa tem perfil para ser Presidente do Benfica mas tem que aprender muita coisa. Este ano está a ser bom para ele ir aprendendo. Rui Costa percebe de futebol, agora tem q perceber o mundo do futebol, nomeadamente o particular mundo do futebol nacional.

João Bizarro disse...

Por isso é que são necessárias alternativas, José.

Este modelo presidencial está mais que gasto. Já cheira a mofo. E atrevo-me a dizer que com este presidente não ganhamos mais nada no futebol. Vamos ganhando uns títulos em algumas modalidades mas no futebol, que é o que interessa vamos continuar a ouvir o presidente vangloriar-se pelo título de 2005.

A alternativa Rui Costa agrada-me, mas como diz o José não para já. É bom que ele aprenda para quando estiver calejado avançar.

Chama Imensa disse...

"Quantos anos é que os benfiquistas vão levar até perceber que o problema do clube não passa pela qualidade dos projectos ou das pessoas, mas é um problema de perfil presidencial, de competir num ambiente contaminado pelo favorecimento institucional e pela cristalização de um modelo desigual de tratamento dos clubes?"

Mais uma alfinetada para o perfil de Veiga :D

É para mim muito difícil imaginar que algo de bom acontecerá ao Benfica enquanto Vieira continuar. Para dizer a verdade tenho tanta confiança no melhoramento do Benfica se Vieira voltar a vencer, como no melhoramento do país caso Sócrates vença as eleições. As situações são tão idênticas que o mais provável é que ganhem os dois líderes que eu menos simpatizo, provavelmente, em todo o Mundo.

Não queria Rui Costa a presidente agora nem com açúcar. Que viesse Veiga para varrer com este nevoeiro que assombra o nosso clube. Mas, puxando a mais uma situação idêntica, também me parece que o desejo do regresso de Veiga vai ter os mesmos efeitos práticos que a espera por D.Sebastião.

lj disse...

Caro Jose Marinho,

Para quando um post em que nao fale directa ou indirectamente de Jose Veiga? Eu nao tenho nada de fundamental contra o homem, mas estas constantes referencias a um, neste momento, nao-candidato, como que de trombeta a anunciar a sua chegada, comecam a incomodar-me. Se for de facto intencao de Veiga candidatar-se e o Jose Marinho o esteja a pre-anunciar, julgo ser de bom tom e de bom benfiquismo anunciar isso com clareza em vez de lancar petardos de polvora seca para o ar.

Com os melhores cumprimentos,

João Bizarro disse...

Miguel, não concordo contigo.
A época ainda não acabou ainda há 12 pontos para conquistar acho que os candidatos a sério só se devem manifestar quando terminar a época.

João Bizarro disse...

Alegre, escusas de vir cá com coisas que eu disse há tempos atrás que não me assustas com isso.
Sou o 1º a admitir que não queria o José Veiga nem pintado.
Mas também nem todos temos capacidade para admitir que erramos. Assim como eu posso estar errado ao querer que o José Veiga volte e seja presidente do Benfica.
Neste momento não me importava de apostar nele.

Olha faz uma coisa de útil e vai ler a crónica da Leonor Pinhão. É dedicada a ti!
No Paraguai é Tacuara, aqui é Táquieto! Pois...

Helder disse...

Caro José Marinho,

Mais uma vez e para não variar concordo plenamente com a sua analise. De facto o Benfica precisa urgentemente de outro tipo de presidente e esse homem sabemos quase todos qual é. Com esse homem é claro que o Rui Costa podia aprender muita coisa para estar mais bem preparado no futuro. De resto faço suas as minhas palavras.

Aquele Abraço

Alegre, sempre! disse...

“Vejam o exemplo do clube que domina em Portugal e tentem adivinhar o que seria desse clube com um presidente que, além do FC Porto, ainda tivesse a preocupação de gerir os seus negócios.”

Extremamente pertinente esta evidência. Para além da reconhecida competência que ninguém de bom senso ousa contestar, nenhum outro dirigente desportivo “sacrificou” a sua vida pessoal em proveito do seu clube como fez Pinto da Costa nestes 27 anos de consulado.

Alegre, sempre! disse...

João,

Lamento meu caro mas o meu propósito não é assustar-te.

Lamento que tenhas vergonha de publicar aquilo que escreveste no dia 19 de Maio de 2006 sobre José Veiga. Foi só uma pequena provocação que um predestinado da comunicação, como é alegadamente o teu caso, deveria saber resolver com maior lisura.

João Bizarro disse...

Alegre, sou capaz de ter dito coisas bem piores sobre o Veiga do que essa. Se alguém quiser saber basta ir à data que indicaste que está lá. Essa e muitas mais.

Alegre, sempre! disse...

João, coloca aí o link para a crónica da Leonor Pinhão que eu hoje não comprei "A Bola".

João Bizarro disse...

Podes ler aqui: http://forumbenfica.blogspot.com/2009/04/os-298-minutos-que-faltam-para-o.html

Alegre, sempre! disse...

Obrigado João.

Reconheço que no universo dos comentadores benfiquistas sou um outsider no que toca à avaliação do Cardozo. E não me posso queixar pela escolha do cronista. Leonor Pinhão é um ícone do jornalismo e uma referência benfiquista que muito considero.

John Billy #37 disse...

Antes de mais, caro José, temos mais um ponto em comum.
Além de sermos ambos benfiquistas gaienses, também somos adeptos do grande Real Madrid.
Amanhã espero um vitória, com sofrimento e garra tão específica desse grande clube.
Em relação à presidência do clube, só digo isso: O Vieira será o 1º presidente da história do Benfica que passará um mandanto completo atrás do Porto e do Sporting. Mais um belo record.
Precisamos de alguém que saiba lutar contra o sistema, porque o problema do Benfica, não está no futebol.
Analisando os últimos acontecimentos (critérios do CD da Liga) está visto que o Rui ainda está muito verde para combater a podridão.
Nesse aspecto o Veiga era o homem ideal. Mas também gostava da opção Humberto Coelho.

José Marinho disse...

Meu caro Miguel:

Está no seu pleníssimo direito de se sentir incomodado com o que escrevo. Porém, deixe-me considerar que faz mal. Porque o que tenho escrito sobre o Benfica é da maior clareza possível. Vamos lá a ver: acha que escrever sobre o actual modelo de governo do Benfica é assim tão dispiciendo de discutir entre os benfiquistas. Não sei o que meu caro pensa do assunto, porque o seu comentário é omisso em relação a isso e aqui começa uma diferença substancial entre a minha crónica e o seu comentário. Eu ocupo o meu espaço a escrever sobre um novo modelo de governo para o Benfica, sem o qual, no meu entender, o Benfica não vai conseguir o regresso às vitórias, e o Miguel ocupa-se a especular sobre uma não-candidatura e a suposta influência que ela terá sobre o que escrevo. Meu caro, para a minha iniciativa de organizar vários colóquios com personalidades de enorme reputação mundial e nacional sobre os modelos de governo dos clubes de futebol, tenho contactado, recentemente, com pessoas de insuspeito valor na gestão desportiva, ou como dirigentes ou como treinadores. E se, de facto, se confirmasse que eu estivesse a urdir subliminarmente o anúncio de uma qualquer pré-candidatura de Veiga, então, meu caro, não faria um texto todo ele construido sobre um tema que me parece absolutamente crucial para o futuro do clube. Bastaria fazer um texto com as várias alusões que me são feitas por essas pessoas à capacidade de José Veiga de integrar o seu perfil de gestor desportivo no modelo de governo que todos defendemos. Isso sim, meu caro, seria pré-campanha. Não o fazendo, guardo para mim esses comentários e a convicção de que ele seria o homem certo para o modelo de governo certo. Mas isso já não devo ser eu a fazê-lo. Devem ser os sócios do Benfica, um dia, como espero, quando Veiga sentir que existe um ambiente propício a uma candidatura sua à presidência do Benfica. E nessa altura, aí sim, se considerarem oportuno e ainda cá andarmos todos neste espaço de benfiquismo real, eu posso fazer essas revelações.
Por agora discuto modelo de governo, porque me parece que o Benfica tem de mudar o seu paradigma. Gostaria imenso que o Miguel pudesse escrever o que pensa sobre o assunto. Porque, nesta altura, é, para mim, o assunto mais decisivo que os benfiquistas devem discutir. E já agora, se porventura achar interessante este modelo proposto, quem é que consideraria um candidato credível que encaixasse nas caracteristicas descritas. Seria um bom início para discutirmos ideias, antes mesmo de discutirmos candidatos-fantasma. Um abraço de enorme consideração benfiquista.

Anónimo disse...

Boas a todos os benfiquistas. Venho apresentar-vos uma ideia que tenho, ideia essa que muitos de vocês já devem ter tido anteriormente ou que ja devem ter concretizado.

Devido aos pasquins desportivos estarem constantemente a ligar o nome de varios jogadores ao Benfica, e sendo que 99% das vezes, esses nomes nao se confirmam, eu gostava de elaborar uma lista de todos os reforços que os jornais já apontaram e vão apontar ao Benfica para a epoca 2009/2010. Será divertido, no dia 1 de Setembro, olharmos para esta lista e vermos centenas de nomes que, obviamente, foram puramente inventados para vender jornais. Este ano ja foram: Nene, Ruben Micael, Kameni, Diego Cavalieri, Bruno, Patric, Dernis, Alvaro Pereira, Miccoli, Afonso Alves etc etc etc ( sendo que apenas Patric é reforço confirmado! ). Gostava de pedir a vossa ajudar para me indicarem todos os nomes que já foram apontados ao Benfica para a proxima epoca, para que a minha lista não tenha falhas!

Muito obrigado a todos

DB

Ricardo disse...

A solução passa obviamente pela total disponibilidade do futuro Presidente do Benfica em viver o clube. 24 sobre 24. Só assim são construídos os projectos vencedores. Tenho dúvidas sobre essa disponibilidade por parte de Vieira e tenho dúvidas sobre essa mesma disponibilidade por parte de quase todos os possíveis candidatos, porque a verdade é que esse tipo de comprometimento arrasa com as questões pessoais, tira tempo ao cafezinho com o amigo e a almoçarada com uns empresários para mais umas negociatas.

O futuro Presidente do Benfica tem de ser religiosamente comprometido com o Benfica. Tem de ser um nerd pelo Benfica. Um frade entregue à sua fé.

JHP disse...

Meus caros benfiquistas,
Estamos em tempo de discutir todos os nomes, incluindo os de Vieira e José Veiga.
A Vieira (e à sua equipa) posso agradecer a dedicação e empenho num momento em que o Benfica podia ter seguido o caminho do Boavista. Depois do título que um plantel moralizadíssimo nos trouxe (quem o construiu?), Vieira não conseguiu manter acesa a "chama imensa". Erros de gestão, conflitos de personalidade e carácter com os seus pares, estratégias frustradas levaram-nos até aqui (ao 3.º lugar habitual). No discurso recente de Vieira só identifico uma preocupação: os que aí andam. Não se percebe o que pretende para o SLB ou como poderá inverter um ciclo de derrotas. O efeito Rui Costa esgota-se à medida que se percebe que não é um D. Sebastião que nos vai salvar, mas uma estrutura solidária e coesa, do tipo "et pluribus unum", que torne a organização "Benfica" competitiva.
É neste ponto que faço a passagem para Veiga, pessoa de quem apenas conheço o desempenho profissional no SLB. Não discuto se "é benfiquista desde pequenino", quantos jogadores chegaram ao Benfica sem o conheceram e se tornaram benfiquistas como nós? Mozer, Petit, Nuno Gomes, Ricardo Rocha, Simão... chega? Sempre que vi Veiga falar e agir em nome do Benfica achei que interpretava bem a nossa "Mística", também observei com atenção as referências elogiosas que lhe faziam jogadores e técnicos conceituados. Micoli e Trapattoni, profissionais experientes, sabem o que dizem quando falam de futebol. Curiosamente, as pessoas que ouvi falar pior de Veiga foram Vieira e os adeptos do Sporting e do FC Porto... Pois bem, ainda a procissão vai no adro, mas para modelo de governo do Benfica gostaria do seguinte: um líder benfiquista nas palavras e nos actos, competente e carismático, uma equipa de gestão coesa, solidária, alinhada com os interesses do Benfica e COMPOSTA POR BENFIQUISTAS, um orgão de fiscalização independente e rigoroso na vigilância às finanças do clube. Veremos o que nos dizem os candidatos...
Saudações benfiquistas!

John Billy #37 disse...

Grande comentário do JHP!
Estás aprovado.

Chama Imensa disse...

Grande comentário mesmo. Estás aprovado definitivamente.

Entretanto fui ao site maisfutebol ouvir a entrevista de Manuel Cajuda que se saiu com este tesouro

"Eu mantenho o meu humor. Humor esse que deve ser mantido porque só com ele é que se enfrentam algumas situações do nosso futebol. Desde que dar uma peitada num árbitro dá direito a ser o melhor jogador da Taça da Liga...espectáculo."

Se os meus caros estiverem atentos, do lado direito do vídeo aparecem as perguntas e respostas do entrevistado. E não é que esta parte é esquecida. Esta declaração dentro daquilo que Cajuda disse é uma bomba, mas preferem salientar afirmações insignificantes. Se fosse alguém do Benfica a dizê-lo já era motivo para guerra Mundial. Enfim este jornalismo continua uma vergonha.

O nosso futebol precisava de mais pessoas como este senhor que fala de tudo com uma frontalidade notável. Sem papas na lingua vai dizendo as verdades.
Parabens Manuel! Ainda acredito que um dia vais treinar o Maior do Mundo.

Abraço a todos

Alegre, sempre! disse...

JHP, grande prestação.

O modelo para o Benfica que o José Marinho abordou na sua crónica parece-me largamente consensual. Da mesma forma, o protagonista por diversas vezes aqui citado nos últimos dias para ocupar o topo da pirâmide, também recolhe a maioria das preferências entre os “mágicos”. Gosto de consensos alargados mas tenho pavor do unanimismo induzido. Recordo-me da passagem de José Veiga pelo Benfica (dos êxitos e dos fracassos) e do período que se seguiu com suspeições de vária índole. A comunicação social ainda não o descobriu, José Veiga desta vez não vende papel, estranhamente os jornais ignoram-no. O candidato dos “mágicos” passou incólume até agora por entre os nomes presidenciáveis mas é um facto que a corrida ainda não começou.

Resumindo: Sobre o modelo estou a 100% com o José Marinho; sobre o perfil do candidato, José Veiga tem alguns pontos a favor mas por alguma razão, o verdadeiro barómetro que faz a cabeça da opinião pública, não o leva muito a sério. E isso também conta na hora de escolher.

Dexter disse...

Nem vou comentar comentar o ultimo paragrafo.
O bom é ter um presidente a 100% no clube como um certo corrupto la de cima...podera ele nao precisa de gerir os seus negocios, as comissoes chegam.

Quanto a Rui Costa na presidencia....poder ser ....daqui a uns LARGOS anos. Para já nao passa de uma candidato a candidato à presidencia.

Vasco disse...

Rey costa, Humberto coelho, Simões, Veiga..

JHP disse...

"John Billy", "Chama imensa", "Alegre sempre", agradeço a vossa gentileza, que associo a um voto de boas vindas. Não sou frequentador assíduo de blogues, mas aqui discute-se o Benfica em profundidade, o que é motivo para voltar mais vezes.
A propósito de mística, só nesta semana já ouvi falar de cinco jogadores para reforçar o plantel, nenhum português, nenhum das camadas jovens...Será que o Miguel Vitor é fruto do acaso?

José Marinho disse...

Meu caro Alegre sempre, e onde é que fica esse barómetro de que nos fala?

José Marinho disse...

Meu caro JHP, o seu texto é brilhante na lucidez e claro nos objectivos. E fica também esclarecido que o que mais importa nesta fase ainda pré-eleitoral do Benfica, é discutir ideias e conceitos, neste caso, o modelo de governo do clube. Acho que é uma discussão absolutamente crucial que os benfiquistas devem manter entre si, já que é a partir daqui que pode construir-se um futuro de vitórias. E um Benfica de vitórias é o único Benfica em que me consigo rever, não outro. Igualmente pertinente o reparo que faz sobre a lista mais ou menos extensa de eventuais reforços do Benfica para a próxima época, já aqui muito bem elencada pelo Diogo. Preocupa-me, de facto, este festival de nomes, ainda sem o campeonato ter acabado e sabendo dos efeitos demolidores que isto tem na auto-estima dos jogadores do actual plantel. É nestas coisas que o Benfica continua a falhar muito, já que não podemos atirar a responsabilidade apenas aos jornais. Vejamos o caso concreto de Patric. Qual era a necessidade do Benfica trazer agora, nesta fase, dois dias antes de um jogo importante para a Liga, o jogador a Portugal? Fazer exames médicos? Fazia-os no Brasil, sob observação de um médico do Benfica ou credenciado pelo clube. Assinar o contrato? Assinava-o no Brasil. E após o final da época, era finalmente apresentado em Lisboa. É assim que os grandes clubes trabalham, é assim que o Benfica deve trabalhar, sem estar refém de um afã populista de encher páginas dos jornais e de criar uma ideia artificial de reforço do plantel. Até porque bem vistas as coisas Patric nem reforça substancialmente a equipa, já que no balneário do Benfica convive actualmente o melhor lateral-direito do campeonato. E mesmo Quique Flores, quando confirmou a contratação do jogador, admitiu tratar-se de uma solução de futuro. Assim sendo, porquê tanta pressa na apresentação deste primeiro reforço para a próxima época? Isto tem um efeito preverso nos jogadores, desresponsabilizando-os dos próximos resultados, porque é o próprio Benfica que dá sinais de que o campeonato já acabou.

Pedro disse...

Dexter e não são só as comissões. O chorudo ordenado q ganha tb conta. Mas não era esse o prisma que o Marinho quis abordar, mas sim a necessidade de um presidente viver o clube 24 horas por dia e não vivê-lo no intervalo de dois negócios.

Os nomes avançados pelos jornais em doses industriais é tudo menos novidade. Infelizmente é um dos males q temos q aguentar por sermos tão grandes. Um blog qqr apontou os nomes no ultimo defeso e parece q chegaram à centena..

Tb concordo q o Patric podia perfeitamente ser apresentado só no final da época.

João Bizarro disse...

Esta do Patric é de quem já anda em campanha e está com medo de qualquer coisa.
LFV sabe que muitos benfiquistas já pedem a forca para alguns jogadores e que outros sejam contratados.

Se é uma jogada do Rui Costa, é sinal que ainda não aprendeu nada!

Alegre, sempre! disse...

“Meu caro Alegre sempre, e onde é que fica esse barómetro de que nos fala?”

Referia-me à comunicação social vocacionada para tratar esta matéria. Recorrentemente os jornais desportivos ao menor indício antecipam-se aos factos usando técnicas de premonição que não raras vezes os desacreditam. Desta vez a comunicação social não parece apostar no filão especulativo que uma hipotética candidatura de José Veiga ao maior clube português lhe traria. É isso que eu estranho partindo do pressuposto que existe alguma possibilidade de José Veiga avançar.

Sobre o episódio Patric nem será necessário dizer muito mais. Aliás, palpita-me que esta contratação obedece mais a uma estratégia eleitoral do que ao cabal preenchimento de um lugar em aberto. Seria interessante conhecermos qual o verdadeiro responsável (Vieira ou Rui Costa) por mais esta fuga para a frente.

Helder disse...

O José Marinho tem toda a razão quando diz que o Benfica da a ideia de reforçar artificialmente. É todoas os anos assim, criam-se altas espectactivas no inicio de cada época e depois já sabemos o que acontece. Além do "sistema" nos empurrar sistematicamente para baixo o Benfica não faz nada repito não faz nada para contrariar esse "sistema". Os benfiquistas têem que começar a olhar para dentro e perceber o que esta mal e sobretudo ter coragem para mudar o que esta mal doa a quém doer!! E se assim continuarmos vai ser mais 3 anos a ver navios.....o Benfica tem que mudar e urgentemente, não há tempo para mas nem meio mas é já!!! Ontem já era tarde!

Saudações Benfiquistas a todos

João Bizarro disse...

Caro Alegre, a comunicação social neste momento é refém do "manda quem pode, obedece quem tem juízo"! Por isso não servem de barómetro de NADA!

Alegre, sempre! disse...

João,

Quero acreditar que nem toda a comunicação social desportiva está acorrentada, mau seria se assim fosse. Além disso não vejo como e com que objectivos poderia haver uma coordenação entre os vários órgãos de comunicação social que funcionasse de uma forma tão eficaz.

João Bizarro disse...

Alegre, queres falar de que comunicação social?

Mais de metade pertence ao grupo do Oliveira!
A RTP vendeu o corpo ao diabo (Olivedesportos)!

Vai ver (ouvir) as noticias da TVI (Maisfutebol)!

Vai ver as noticias da SIC!!!

pedrov disse...

Gosto deste espaço e concordo com algumas das ideias de josé marinho, mas como sócio custa-me que os benfiquistas não comparecam em massa, repito em massa a todos os jogos na Luz, para ai formarem uma verdadeira fonte de pressão, julgo quando a luz começar a ter 50 ou 60000 todos os jogos independente do nome do adversário seremos temidos e levados a sério, tal como o helder disse "É todoas os anos assim, criam-se altas espectactivas no inicio de cada época e depois já sabemos o que acontece"....pois sabemos começamos a desistir e a ir na lenga-lenga da comunicação social, porque o problema aqui é que só o benfica pode acabar com os poderes instalados e isso pode custar muitos milhões de euros a muita gente, pois parece me a mim que o que deve ser combatido não é o modelo presidencial, porque com este estado de coisas (sistema) qualquer que seja o modelo ou o presidente está condenado ao fracasso, e lembrem-se este ano só em arbitragens vergonhosas já lá vão 15 pontos o que era mais do que suficiente para fazer a festa e desejar que vieira ficasse lá por muitos anos por isso digo a 1ª medida é ter a luz sempre cheia, para criar pressão quer nas equipas aadversárias, quer nas arbitragens e apoiar sempre para galvanizar os nossos, a segunda medida é boicote total a todos os produtos da controlinveste, a terceira medida talvez a que mais impacto criava era não comparecer em nenhum estádio adversário até eles se consencializarem que quem mata o futebol é o papa e a olivedesportos.
Depois disto quando a bola começar a entrar e começarmos a ganhar titulos qualquer presidente e qualquer modelo presidencial serve...ou não!!!!!
EU AMO O BENFICA e ESTOU SEMPRE NA CATEDRAL!!!!

Anónimo disse...

Pois, Pedrov. Eu concordo com a tua ideia que a Luz devia estar sempre cheia. Eu estou lá sempre, independentemente dos resultados e da situação do Benfica. Mas temos que perceber que muita gente não está disposta a pagar bom dinheiro para muitas vezes ver um espetaculo mediocre e sem o minimo de classe. Noutros tempos, as pessoas, quando vinham à Luz perguntavam: "Por quantos vamos ganhar hoje ?" e agora perguntam: "Será que vamos ganhar hoje?". É uma grande diferença. Mas acredita que quando o Benfica começar a mostrar qualidade, e aliada a essa qualidade houver consistência, haverá certamente muita mais gente no estadio. Em Inglaterra por exemplo, os jogos nem sempre sao bem jogados, mas a intensidade a que se jogam garantem espetaculo, o que faz com que as pessoas acorram em massa a esses espetaculos.

Agora outro tema: vi no outro dia, na Benfica TV, que a Olivedesportos paga, ao todo, 42 milhoes de euros aos 16 clubes da primeira divisão portuguesa, pelos direitos das transmissoes televisivas. Ora, é claro que uns devem receber mais que outros, mas isto dá cerca de 2,625 Milhoes de euros por clube. O Tottenham recebe, SOZINHO, 45 Milhoes de euros por época. O Villareal recebe 42 Milhoes de euros por época. Ainda bem que não falaram dos valores que Liverpool, Chelsea, Arsenal, Manchester United, Barcelona, Real Madrid, Milan, Juventus e Inter recebem, senão dáva-me um ataque. Mas este gajos da Olivedesportos estão a gozar com a nossa cara ? Bendita Benfica TV! Espero que quando o contrato entre o Benfica e a Olivedesportos acabe, o Benfica perceba que eles sem o Benfica não vivem e vendam os direitos por valores astronomicos, para pagar estes anos todos de chulice a que nos teem submetido.

PS: ainda estou à espera que me ajudem nos nomes de possíveis reforçoes já referenciados pela imprensa para a proxima epoca. Já tenho 11 nomes mas tenho ideia que ja foram referenciados muitos mais. Se se lembrarem de alguns, nao se acanhem, digam! ;)

DB

Alegre, sempre! disse...

E quanto a prognósticos para esta jornada? Com três saídas complicadas acredito que haverá pontos perdidos entre os primeiros classificados, resta saber onde. Prevejo um jogo de grande intensidade com o Nacional, com um árbitro extremamente pressionado e duas equipas a darem tudo o que têm para se chegaram à frente. Vou estar particularmente atento às exibições do Rúben Micael e do Nenê. Vamos ver se se confirmam as minhas anteriores expectativas sobre a qualidade destes dois potenciais reforços.

Seria engraçado que o SCP perdesse ou empatasse. O segundo lugar ainda está em aberto, vamos acreditar que nem tudo está perdido.

FORÇA BENFICA.

Ricardo disse...

Excelente comentário, JHP.

Diogo, não me lembro de mais ninguém.


Quanto ao jogo de hoje:

espero que o Quique não tenha o tique irritante de voltar ao 442 clássico com o Di Maria na esquerda. É isto que me faz confusão: sai Aimar, um médio que, começando nas alas, está longe de jogar de forma vertical, e entra... Di Maria? Se ele próprio admite que os últimos jogos têm mostrado um modelo diferente e mais interessante por causa da diferença nas dinâmicas e movimentações, depois decide substituir um gajo que dá posse de bola e inteligência ao meio-campo (Aimar) para meter um puto rápido mas acéfalo (Di Maria)?

Se quer manter o mesmo tipo de jogo, substituindo apenas a peça lesionada, bastaria, por exemplo, fazer entrar Katsouranis por Aimar. O grego jogaria no meio com Amorim e Martins faria o lugar de Aimar na esquerda. Parece muito mais coerente do que vir dizer que gostou dos últimos jogos e à primeira contrariedade volta ao modelo em que estupidamente acreditou durante toda a época e ao qual parece querer, qual autista, voltar.
Por outro lado, a entrada do Katsouranis, além de ter a virtude de manter a ideia de jogo, reforçaria o meio-campo com um jogador mais forte no posicionamento defensivo, o que será necessário na Madeira, porque o Nacional não é o Setúbal.

Zandingada: Hoje marcaremos 3 golos. Um de Cardozo, outro de Amorim e outro do Reyes.

JHP disse...

Bom dia a todos,
Das últimas intervenções, todas elas oportunas, destaca-se uma relação fortíssima entre o modelo de governo e o "sistema".
O que é o "sistema"?
Para falar do sistema é preciso cuidado, porque quando lidamos com outro sistema (o judicial actual) é possível que uma absolvição no processo "apito dourado" se converta numa condenação de quem julga falar verdade.
Por isso, antes prefiro falar dum País que não existe, em que o fenómeno desportivo de massas era dominado pelo "sistema", que influenciava, invariavelmente, o êxito de um determinado clube, ano após ano. Os outros clubes só conseguiam ganhar títulos quando a equipa do "sistema" se mostrava muito incompetente, ou quando conflitos internos atenuavam o impacto do sistema junto das instituições. Mas como é que tal foi possivel? Antes de ser competitivo nas quatro linhas, o sistema optou, estrategicamente, por actuar fora delas e recorrer a todos meios (prefiro não os identificar, embora vocês saibam do que estou a falar). O MEDO começou por contagiar os árbitros e nesse País os espectadores começaram a assistir a incríveis manipulações de resultados (amostragem de cartões, marcação de faltas, incluindo penalties, validação de golos irregulares, anulação de golos regulares, prorrogação do tempo de jogo), nesse País a engenharia descobriu o conceito flexível de "campo inclinado aplicado ao futebol". Com o passar dos anos, e o acumular de títulos, o sistema foi expandindo a sua actuação para as instituições dirigentes do desporto, até chegar à "Selecção de todos os cidadãos desse País", onde tinha o poder de influenciar as convocatórias, valorizando financeiramente o passe dos seus jogadores e impedindo que tal acontecesse com os jogadores dos outros clubes... O sistema já não era apenas uma força desportiva, transfigurou-se e posicionou-se na comunicação social e multimédia, passando a controlar importantes fontes de receita dos outros clubes. Não faltou muito até que o sistema negociasse com o poder político e influenciasse o seu normal desempenho, algo que nesse País apenas era permitido ao poder económico e, mais tarde, à comunicação social. Com tanto êxito, o sistema apostou na imagem e na história, recrutou alguns "opinion makers", confundíveis com as lavadeiras que removiam qualquer mancha... mas não perdiam oportunidade de manhchar a roupa alheia, mesmo a mais impoluta. O sistema passou a ser respeitável, do respeito à aceitação foi um passo de árbitro... O sistema já convivia com a alta magistratura e conseguia, inclusivamente, criar fracturas num corpo conhecido pela sua coesão e independência. O sistema acabava por conseguir elevar-se ao estatuto de impunível, algo que só é possível noutras latitudes. O poder do sistema tornou-se conhecido além fronteiras. Por exemplo, o sistema conseguia garantir aos jogadores que contratava, antecipadamente, o título de campeão, garantia-lhes casa, carro, indumentária, estatuto, uma vida no Olimpo e, a fidelidade cega, ao fim de alguns anos, era recompensada com um contrato milionário num dos clubes mais importantes da Europa. Para os outros (e eram tantos) o sistema reservava um salário acima da média e a colocação num dos clubes alinhados, quanto mais não fosse para fazerem o jogo da sua vida quando jogassem contra os alvos a abater pelo sistema.
Mas com tanto poder, porque é que o sistema não era querido e respeitado pela maioria?
Porque na cultura civilazional que desse País (ainda) está escrito na pedra que "nem todos os meios justificam os fins", especialmente os meios do Sistema.
Por isso, se o sistema existisse no nosso País, eu acho que o modelo de governo do SLB devia estar à altura de o combater nas frentes em que ele viscosamente se movesse. Não seria tarefa para um homem só, ou mesmo para dois. Não seria com gritos, com raiva ou com desespero que se enfrentaria o sistema. Também não seria com ilusões, porque o sistema alimentar-se-ia delas. O antídoto só poderia ser descoberto e aplicado com trabalho metódico, discreto, colectivo, inteligente e consequente, mas acima de tudo lícito. Daí que insista numa equipa "à Benfica" disponível e pronta para a entrega ao jogo que se desenvolveria fora das quatro linhas; afinal é isso mesmo que exigimos aos nossos jogadores quando estão no relvado. Essa equipa tem que os ajudar a ganhar, porque contra o sistema (repito, se existisse) eles não poderiam fazer mais.
Bom fim de semana.

José Marinho disse...

Meu caro Pedrov, concordo consigo num ponto, mas permita-me alterar-lhe a ordem com que distribui as suas prioridades. Não basta ter um estádio cheio para ser campeão. Eu sou daqueles que acredita neste potencial tremendo do Benfica, muito centrado na sua base de apoio de adeptos e acho que essa força é que nos distingue de todos os outros. Mas essa força não serve de nada se for utilizada sem estratégia. Lembra-se de Aljubarrota e a forma como os portugueses conseguiram derrotar o numeroso e melhor preparado exército espanhol? No futebol é a mesma coisa. A base está lá, mantém-se um elemento diferenciador de grandeza, mas não basta a sua comparência. É preciso que acredite na iminência de vitória. Se há coisa que Vale e Azevedo fez bem - fez várias coisas bem - foi a de conseguir mobilizar os adeptos para o estádio. Fê-lo melhor do que qualquer outro presidente nos últimos vinte anos. Ir ao estádio da Luz era, de facto, sentir aos domingos a força impressionante do Benfica. Mas diga-me Pedrov, quantos títulos ganhou o Benfica. O apoio militante dos adeptos é crucial num clube como o Benfica, mas antes disso é preciso que as coisas estejam organizadas e que a direcção do clube perceba que antes da mobilização dos adeptos é preciso dar-lhe alguma coisa em que acreditem. Um projecto de recuperação da hegemonia do desporto português. E actualmente o Benfica não oferece essas garantias aos adeptos. Por isso é que é fundamental discutir o modelo de governo do clube e depois o perfil presidencial. Por isso é que se torna importante e decisivo para o futuro do clube ter uma direcção assente num modelo presidencialista associado ao futebol, que saiba escolher os aliados mas também saiba escolher os inimigos do clube. E uma coisa lhe garanto, os inimigos do Benfica nunca serão outros benfiquistas, especialmente aqueles que gostam de manter o estranho hábito de pensar pela própria cabeça. Tem razão, já aqui o disse, enquanto o Benfica não arranjar forma de desmontar o actual sistema conspícuo de favorecimento de alguns clubes em detrimento de outros, não vai sair do sítio. Podem fazer-se grandes e eloquentes debates na Benfica TV sobre escutas telefónicas, sobre o apito dourado, mas uma coisa lhe garanto, seremos a risota dos nossos principais adversários, porque eles vão continuar a ganhar. O que é que se espera com esta a oficial cantilena do nosso clube contra o sistema? Esperamos que a justiça actue? Já actuou, absolvendo o presidente do FC Porto. À espera que o sistema se regenere por vontade própria? O melhor é esperar sentado. Por isso, é o Benfica que deve fazer o seu trabalho de casa. Meu caro, juntando o meu estágio de três meses e meio no Vitória de Guimarães ao conjunto de coisas que todos se apercebem sobre o funcionamento das instituições do futebol e da justiça em Portugal, posso dizer-vos que se o Benfica não actuar com inteligência, com conhecimento do sistema, se não o desmontar, se não provocar a sua desintegração, o Benfica será sempre, no futuro, o clube das promessas e dos ciclos. E uma coisa posso garantir, não será Rui Costa a resolver o assunto. O nosso Rui tem um nível social e desportivo que não é facilmente compatível com o actual estado das coisas. O mesmo se passa com Vitor Baía, mas a diferença é que o Vitor não tem funções executivas no FC Porto e o Rui tem-nas no Benfica. E essa é uma diferença substancial de cultura entre os dois clubes. O Benfica está preparado para melhorar o ambiente geral do futebol português, o FC Porto não. E não o fará, enquanto não for obrigado a isso. E tem de ser o Benfica a obrigar o futebol português a fazer essa mudança. Mas para isso é o Benfica que tem de mudar primeiro.

Ptero disse...

Compreendo que diz, caro José Marinho, só não percebo onde entra Veiga nesta história, e o que pode ele acrescentar ao nosso clube, se, como admite, a gestão desportiva deve continuar entregue a Rui Costa e aos colaboradores que este escolher.
Além disso, o seu histórico conflituoso e desbragado não me permite enquadrá-lo no perfil de um dirigente do SLB, por mais respeito e consideração (até pelo que conseguiu no SLB, num contexto muito particular) que este me possa merecer.
Embora não apoie Vieira, e pense que o SLB precisa de uma renovação da sua imagem e do seu discurso, agora que o rumo está traçado em termos de gestão "futebolística", devemos dar tempo para que Rui Costa prossiga a sua função, ainda que o tempo não abunde para os lados da Luz. Já pagámos um preço demasiado elevado pelas rupturas e pela sucessão de novos ciclos para agradar aos sócios, e é bom que o SLB não persista no mesmo erro ad eternum...
Abraço

John Billy #37 disse...

Ricardo, o Quique fez a tua vontade.
:)

Dexter disse...

Mais um desaire na luta pelo 3º/4º lugar...isto está renhido !

Mister D disse...

Curiosamente, e tomando os primeiros parágrafos do post, também Florentino Pérez é empresário do ramo imobiliário espanhol. Haverá alguma conexão?

Quanto ao resto, dá para ver que o problema do Benfica é um problema de perfil presidencial...

E com o será esse perfil presidencial???