Fina ironia
Uma das coisas que sempre me indignou, como jornalista, foi a forma babada como alguns antigos companheiros da função jornalística se referiam, quase automaticamente, à "fina ironia" de Pinto da Costa, de cada vez que o presidente do FC Porto resolve pronunciar-se sobre o Benfica.
O que, como todos sabem, não é raro, pois o presidente do FC Porto sabe que ganha mais uns gramas de valor mediático quando decide falar sobre o Benfica, pois essas declarações alcançam sempre maior impacto do que as outras em que o dirigente portista se refere a outro tipo de actualidade.
Existirá mesmo um estranho mecanismo de condução de letras em certos teclados que leva os textos a ganharem vida própria, parecendo escapar aos jornalistas a sua vontade própria enquanto escrevem os seus textos. E quando completam o nome Pinto da Costa, a "fina ironia" aparece imediatamente atrelada. É espantoso e deve ser uma nova tecnologia.
É isso e a tendência para se fazerem perguntas onde na resposta está incrivelmente induzida uma inevitável agressão ao Benfica e um constante complexo de inferioridade.
Na conferência de imprensa de hoje de Jesualdo Ferreira, entre tantas perguntas interessantes que se podiam fazer ao treinador portista, um desses jornalistas entendeu que era oportuno chamar o Benfica para um espaço de antevisão de um jogo entre FC Porto e Paços de Ferreira.
«Professor, acha que houve parcialidade na imprensa desportiva quanto às análises de pré-época, nomeadamente do Benfica?», foi a pergunta diligente e preparada.
É curiosa esta preocupação com a alegada parcialidade da imprensa desportiva, quando na pergunta não existe um cuidado proporcional com esse desejo de imparcialidade. De outro modo, se o propósito fosse jornalisticamente desinteressado, então a pergunta devia ter sido algo perto disto: «Professor, como é que analisa o comportamento da imprensa desportiva na análise que fez à preparação dos três grandes?»
Até aos meus trinta anos exerci a profissão de jornalista no Porto e confesso que nunca me interessaram os pensamentos de Pinto da Costa sobre os assuntos do Benfica e por isso nunca o questionei a esse propósito. E o contrário também era válido, mas até nisso sempre notei uma nítida desvantagem no tratamento jornalístico, porque nunca senti uma preocupação exagerada dos jornalistas em interrogar os sucessivos presidentes do Benfica sobre os assuntos que diziam respeito ao FC Porto. Se calhar porque os presidentes do Benfica não tinham "fina ironia".
Claro que posso ser desmentido numa próxima ocasião em que, na sala de imprensa do estádio da Luz, um jornalista se possa lembrar de perguntar ao treinador do Benfica: «Jorge Jesus, acha que houve parcialidade dos árbitros portugueses quanto ao modo como apitaram os jogos dos três grandes, nomeadamente do FC Porto?»
Isto sim, era uma "fina ironia".
17 comentários:
Bom post. Nem de propósito, pois estava a ler a crónica de um "jornalista" de A Bola, de seu nome, Vitor Queiros, que aparentemente cobre as noticias do fcp e que, em várias ocasiões, já me tinha chamado a atenção. A sua "escrita" é, chamemos-lhe assim, enfatuada, pretenciosa, bajuladora ou o que lhe quiserem chamar. De tão baixa qualidade, por ser tão bajuladora e rasteira, que eu tenho de apertar o nariz para a conseguir ler.
Para aqueles que pensam que estou a exagerar, aqui vão alguns excertos de um artigo de hoje na Bola, sobre o jogador Bruno Alves, que está lesionado e em dúvida para domingo.
"..a sua natureza dominadora... esperança dos portistas... dependentes do seu modo total de agir e contagiar.
"... só não vai a jogo se lhe cortarem as pernas ou fizerem perder a cabeça".
"...algum desencanto na cara escurecida pelo esforço". (o pai é de cor, para aqueles que não sabem).
"... a desordem dos seus pensamentos... acalmou".
"...e a sua natureza incandescente, só mesmo com fractura exposta se pode ter a certeza de um a menos".
"... essa figura híbrida, meio homem meio máquina...Odeia ficar de fora."
"A sua parte robótica ajuda a suportar melhor as dores, e a vontade expressa de jogar, mesmo em canadianas, é a parte complementar da sua aura...".
Isto são palavras de um adepto não apenas ferrenho, mas completamente sectário e faccioso. Só que ele é jornalista. A trabalhar num jornal que se diz independente.
Eu aceito e compreendo facilmente que os jornalistas sejam adeptos de clubes e escrevam sobre esses clubes. Nada mais natural. Mas quando confundem jornalismo com bajulação, sectarismo ou sei lá o quê...
Textos destes não passam de montes de esterco, na minha humilde opinião. Que se vejam textos destes em blogues portistas, terei de aceitar e compreender, agora num jornal como A Bola...
Saudações Benfiquistas
Infelizmente, a profissão de jornalista está desvirtuada. Alguns, são conhecidos como meros ajuntadores de letras.
Conheço alguns deles, refastelados em marisqueiras, sabendo que a conta irá ser paga por um qualquer "aconselhador matrimonial de árbitros", penso eu de que...
São os Teles, os Pratas, os 2 Queiróz, os Tavares, etc...
Não compreendem que quando desagradarem ao amo irão logo ser corridos a pontapé das redacções.
Caro José Marinho é talvez a mais curta mas a melhor crónica sua neste espaço.
Sempre na mouche, José. Já agora, e ainda que não interesse para a questão que levanta, o que respondeu o Juju?
Eu à espera de um post religioso sobre o seu (des)respeitoso e fiel escudeiro José Veiga e afinal vem com a fina ironia.
Com tanto assunto interessante para desenvolver e foi logo pegar naquele que menos interessa.
Temos pena, é o que há.
Vou continuar a conversa dos laterais esquerdos aqui... sobre o outro assunto já morreu porque muito sinceramente pouco a nada mesmo me interessa, interessa-me sim o Benfica.
Heinze, um rapazinho que só na 4ª época na europa se conseguiu solta5r e impor é um exemplo do melhor que conheço, até lhe fica mal dar-me esse nome com os reais conhecimentos que tem, mas seguindo em frente.
Placente - Um belo jogador que deu nas vistas na 2ª época na europa num esquema de 3 centrais, na 1ª época nem metade dos jogos no Leverkussen fez já com 25 anos.
Sorin - Um flop e dos bons, veio para a Juve com 20 anos e nem calçou, passou os 7 anos seguintes entre a Argentina e o Brasil e voltou para a europa, era tão bom que nos 2 primeiros anos já com 27 de idade correu 4 clubes, estagnou no Villareal por 2 anos e mais 2 no Hamburgo... um jogador tão bom, tão bom que todos os clubes fizeram questão de não abrir mão dele.
Ainda quer falar de mais um? O Chamot? Era tão bom lateral que só vingou quando o passaram para central.
José Marinho, posso dizer-lhe que dos poucos laterais argentinos que vieram e pegaram de estaca foi o Zanetti, muito poucos chegaram e foram donos do lugar e o José sabe isso melhor do que eu com toda a certeza.
Zé, permita-me que o trate assim, para mais e para que não pense que até aprecio a sua escrita ou o seu profissionalismo, acabei de encomendar o seu livro "Pela Mística Dentro",
Espero que um dia ainda mo possa autografar e que possamos trocar umas palavras e ideias.
Apenas temos pontos de vista diferentes mas o amor, a paixão ou mesmo um misto dos dois, é o mesmo.
Abraço e não se sinta incomodado pela forma como escrevo, mas há pequenas coisas que ficam "encravadas".
As batalhas começam este fim de semana.
Só todos juntos é que podemos vencer a guerra.
RUMO AO TITULO
Eu acho é que se fala demais do Porto neste blog.
Quanto ao Benfica, parece que finalmente apareceu alguem com tomates para encostar o Mantorras, falta Nuno Gomes e o Quim.
em qualquer entrevista ou artigo de qualquer jornal, se não houver a palavra "benfica" é um artigo que não interessa a ninguém, isto também é válido para as rádios e televisões, por isso é que os "patrões" da imprensa obrigam os pseudo-jornalistas e fazer essas perguntas, isto é claro como a água pura
Sou jornalista e benfiquista e li neste texto tudo o que penso sobre a triste comunicação social desportiva que temos e que se revela quando estão a dar tratamento "profissional" ao senhor. Nunca entendi como podiam baboseiras de péssimo gosto provocar tanto «frisson» e risinhos tontos nos próprios jornalistas em pleno desempenho da sua função, quando falam com o senhor. Mas iremos ter muito disso, ainda, infelizmente. Porque o supra-sumo da qualidade dirigente desportiva nacional vai manter esse uso (e abuso) da comunicação social para achincalhar os outros, quando, na verdade, aquilo que ele diz em tom de carroceiro, dito por qualquer outra pessoa, não merecia crédito nem entre os frequentadores de numa tasca. Que os jornalistas leiam este texto e que o sigam. Apenas para serem isentos!
Sobre o José Marinho:
- Depois de um período em que esteve muito activo nester blog (vá-se lá saber porquê...), eis que volta a escrever. E não fala do Veiga.
- fiz-lhe várias interpelações, quer aqui, quer no serbenfiquista, mas nunca se dignou responder-me. As perguntas também eram incómodas.
Depois há uma entrevista, alegadamente dada ao blog vitória 1922 (http://www.vitoria1922.com/entrevista-com-jose-marinho/), onde a ceternminada altura, e quando questionado sobre a côr clubistica e o facto de estar a trabalhar num rival, eis um excerto da resposta:
"Alguém de bom senso acha que, agora, num jogo entre o Benfica e o Vitória eu vou torcer pelo Benfica?"
por um lado compreendo o seu sentido de profissional, e de torcer por quem lhe paga. Mas eu não me imagino a torcer por outro clube que jogasse contra o Benfica!
Sobre o post:
são jornalistas. Não é preciso dizer mais nada.
José Marinho: Muito bom post. Penso que já lhe falei na justificação que alguns jornalistas de uma determinada redacção me davam... estão lá sozinhos, ficam sem notícias...
ibenfiquista: O Vítor Queirós é criticável porque escreve sobre o porto. Penso não estar a ser injusto quando acho que não há grandes diferenças relativamente aos jornalistas que escrevem sobre o Benfica. Estou habituado, e gosto muito, das prosas épicas da Bola.
BENFICA COMO ÉS ENORME!
Meu caro Jorge Borges, por vezes a distração é pior do que o desoonhecimento, pois apenas por distração é que pode dizer que andei desaparecido, pois desconhecimento não pode alegar pois elas, as crónicas, sempre estiveram no sítio do costume.
O meu caro é mais um daqueles benfiquistas que preferem manifestar o seu ressentimento pelo meu apoio a José Veiga - não escondi, não escondo e nunca esconderei, por muito que isso possa doer a benfiquistas como o meu caro - do que discutir o Benfica e os temas propostos no meu post. Acho que já devia saber um conjunto de coisas sobre mim: os temas sou eu que os escolho, o modo como os escrevo sou eu que o decido e não adianta insistir nesses pedidos envenenados para eu me pronunciar sobre o José Veiga porque ainda não encontrei motivo para o fazer. Se têm tanta vontade de o fazer, venham aqui, o espaço é livre e façam-no, escrevam o que quiserem. Se depois eu achar que devo rebater, como sempre fiz, eu decido quando e como o devo fazer. Ainda esta última semana o fiz, para esclarecer levemente algumas das patifarias que um jornal diário fez a José Veiga, com a publicação de duas notícias falsas. O mesmo jornal que a generalidades dos benfiquistas considera que faz parte do eixo do mal, mas como desta vez o visado era José Veiga, talvez o jornal deva ter ganho uma súbita autoridade moral. E também não deixa de ser curioso que tenha sido o mesmo jornal sobre o qual recaiu, em ambiente eleitoral a suspeita de que estava a soldo de José Veiga e da sua terrível conspiração contra o Benfica. Claro que isto para os habituris conspiradores já não interessa para nada. Talvez um dia José Veiga possa explicar com detalhe a história por detrás destas últimas notícias e possa apontar o dedo às pessoas que informaram o jornalista desse diário. Eu, infelizmente, porque me daria um gozo pessoal enorme, não o posso fazer porque não estou a autorizado a revelar alguns desses sórdidos pormenores. Talvez um dia se escrever um livro sobre certos meandros do futebol e da justiça, consiga trazer alguma luz sobre isso.
Meu caro Jorge Borges, tenho pena que tivesse recorrido a essa parte da minha entrevista a esse site. Porque assim descontextualiza tudo e sobretudo escapa-lhe a parte em que nunca, mas nunca - apesar de me ter sido pedido que o fizesse - escondi o meu benfiquismo. E num ambiente terrível de paixão, que levou a que muitos dos bloggers vitorianos me perseguissem pessoal e profissionalmente. Essa parte também está na entrevista. Eu também, como benfiquista, nunca apoiaria uma derrota do meu clube, mas que diabo há uma coisa que nem o clubismo apaga, que é o respeito pelos outros, pelos adeptos de um clube que pagava o meu salário. Queria que eu dissesse o quê? Claro, quero o Benfica ganhe e de preferência esmage o Vitória. Meu caro, respeito pelos outros, que é uma coisa que falta muito no futebol e entre os adeptos do futebol. E afinal de contas não custava nada que todos se respeitassem um bocadinho mais.
Queria também adiantar-lhe que, se não respondi mais cedo, foi porque não me apercebi das suas questões, porque não deixar ninguém sem resposta também faz parte do respeito mútuo que aprecio e pratico.
Meu caro LC, quando quiser terei todo o gosto em debater o Benfica pessoalmente consigo. Se houve uma coisa boa que me trouxe esta participação na blogosfera foi já ter conhecido pessoalmente outros grandes benfiquistas e com eles ter privado pessoalmente.
Um abraço e força Benfica. Agora é a doer.
100% de acordo e se me permites aqui um link:
http://eternobenfica.blogspot.com/2009/08/habitual-ironia-garantida-serventia.html
A p... da habitual ironia já enjoa de tanto usada.. coisa de imbecil para imbecis !!!
Um dos maiores problemas parece-me que se prende com o facto da imprensa desportiva, e não só, subsistir muito à custa do BENFICA.
Outro problema, é que o BENFICA desperta muita inveja/ódio pela sua grandeza enquanto massa adepta... Desperta igual inveja/ódio porque é manchete mesmo quando não deveria sê-lo. Como se isso fosse culpa do próprio clube e/ou adeptos, para as gentes do FCP e SCP, isso é uma grande dor de cotovelo...
Ainda outro problema... É óbvio que em consequência do "problema" referido anteriormente (massa adepta), será o clube que tem maior possibilidade de sendo bem gerido, abafar a hegemonia do FCP.
Um quarto problema, é que o jornalismo desportivo em Portugal não consegue na sua generalidade ser imparcial (sbt no futebol). E mesmo excluindo o jornalismo desportivo, denota-se que existe uma grande preocupação com as audiências e por conseguinte arranjar uma boa polémica dá sempre jeito... (e + audiência)...
O BENFICA vende, quando se fala bem (benfiquistas). Mas também há quem adore comprar notícias quando se fala mal (sbt anti-benfiquistas)...
Entre outros mais que existiriam pra falar, só mais 1 problema. Enquanto leigo, ou apenas enquanto consumidor de notícia, às vezes dá-me a sensação que por detrás do desporto há muitos interesses e lobbies, com alcance político, judicial, jornalistico...
Enviar um comentário