Não costumamos colocar aqui as crónicas do Ricardo Araújo Pereira embora as achemos geniais, até porque elas andam por todo o lado e toda a gente tem acesso às mesmas caso queira!
Mas a desta semana merece estar no rol das melhores. É uma espécie de "direito ao contraditório" e às tantas vai valer ao RAP mais um processo ao RAP e como ele diz, mais uma goleada.
A chama imensa
Vamos contar mentiras
Por Ricardo Araújo Pereira
HÁ duas alturas em que uma equipa consegue fazer uma época mítica. Uma é quando os seus jogadores praticam bom futebol, despacham os adversários com goleadas, enchem os estádios. Outra é quando os seus adeptos se entretêm a inventar mitos. Na impossibilidade de verem a sua equipa cumprir os requisitos da primeira, há colunistas que se vêem forçados a optar pela segunda. É o caso de Miguel Sousa Tavares. A sua última crónica era um soberbo monumento de mistificação. Dizia ele sobre o Benfica: «[n]o último campeonato ganho, o do Trapattoni, (…) nos últimos dez jogos todos os golos dos encarnados aconteceram de penalty e livres inventados ou duvidosos à entrada da área». Ou seja: no ano em que o Porto teve três treinadores, e na mesma época em que obteve o recorde de maior derrota caseira da liga (os célebres 0-4 frente ao Nacional), como conseguiu o Benfica ganhar o campeonato? Como é óbvio, com o auxílio da arbitragem. De outro modo, não se concebe como teria podido superiorizar-se ao fortíssimo Porto de Del Neri, Fernandez e Couceiro. Não houve presidentes do Benfica a receber árbitros em casa, nem vice-presidentes apanhados a oferecer quinhentinhos, nem viagens pagas ao Brasil — mas foi demasiado evidente que os árbitros beneficiaram o Benfica naqueles «últimos dez jogos», em que «todos os golos dos encarnados aconteceram de penalty e livres inventados ou duvidosos à entrada da área». Só há um pequeníssimo problema. É que isto é mentira (lamento, mas não há outra palavra). Nos últimos dez jogos desse campeonato, o Benfica jogou, por exemplo, com o Gil Vicente. Ganhou por 2-0, com um golo de Mantorras de bola corrida, a passe de Manuel Fernandes, e outro de Miguel, também de bola corrida, a passe de João Pereira. Depois, jogou com o Setúbal. Voltou a ganhar por 2-0, com um golo de Manuel Fernandes de bola corrida (belo remate de fora da área) e outro de Geovanni, também de bola corrida, na sequência de jogada pela direita. A seguir, jogou com o Marítimo. Ganhou por 4-3, com dois belos golos de Nuno Gomes, ambos de bola corrida (um a passe de Miguel e outro após centro de Geovanni), outro de Mantorras, em lance de (talvez o leitor já tenha adivinhado) bola corrida, e ainda um de Miguel, em remate de fora da área, na sequência de livre de Simão. E ainda jogou com o Estoril. Ganhou por 2-1, com um golo de Mantorras, após um canto (não um penalty), e outro de Luisão, depois de um livre junto à bandeirola (não à entrada da área). Claro que houve jogos que o Benfica venceu com um golo de penalty, como o Benfica-Belenenses, curiosamente na mesma jornada em que o Porto ganhou por 1-0 ao Marítimo com um golo de McCarthy em fora-de-jogo. Mas, a menos que dez jogos tenham deixado de ser dez jogos, ou que a expressão «todos os golos dos encarnados» tenha deixado de significar «todos os golos dos encarnados», Sousa Tavares inventou um mito.
No entanto, o atraso de uma equipa no campeonato é directamente proporcional à capacidade de efabulação dos seus adeptos. Não se estranha, portanto, que Sousa Tavares tenha prosseguido: «lembro-me bem do penalty decisivo, no último jogo no Bessa, que foi dos mais anedóticos que já vi assinalado». Mais uma vez, é mentira (peço desculpa, mas não há mesmo melhor palavra) que o penalty tenha sido decisivo. O Benfica terminou o campeonato três pontos à frente do Porto. Sem o ponto que aquele penalty garantiu, teria sido campeão na mesma. Resumindo: como o Porto (ainda) não consegue vencer campeonatos estando dois pontos atrás do primeiro classificado, aquele penalty não foi, de todo, decisivo.
Finalmente, a propósito do golo do Braga, diz Sousa Tavares que «entre a saída da bola e o golo decorreram uns trinta ou quarenta segundos em que a bola passou por uns seis jogadores e poderia ter sido umas três vezes definitivamente afastada pelos jogadores do Marítimo antes do belíssimo pontapé fatal de Luís Aguiar.» Permitam-me que atalhe para informar que isto é, como dizer?, mentira. Entre a saída da bola e o golo decorreram, não quarenta, não trinta, nem mesmo vinte, mas dez segundos. E a bola passou por dois jogadores do Marítimo que, no meio de sucessivos ressaltos, não conseguiram sequer tirá-la da grande área. A título de exemplo, compare-se com o golo do Benfica ao Porto. Entre o fora-de-jogo de Urreta e o belíssimo pontapé fatal de Saviola decorreram 13 segundos. E a bola é tocada por quatro jogadores do Porto que conseguem afastá-la para bem longe da área. A diferença é que o lance do Braga é uma minudência, mas o do Benfica é uma mancha que ficará para todo o sempre.
É o que costuma acontecer aos moralistas: tanto tempo a acusar o Benfica de querer ganhar fora do campo, e afinal é o Braga que faz jogadas fora das quatro linhas. Domingos Paciência, que tem historial de estar a olhar para o chão e não conseguir ver lances polémicos, compreendeu o fiscal de linha. Disse que, provavelmente, o árbitro auxiliar não viu a bola fora porque «estava muito perto». Trata-se de uma hipótese brilhante. Pessoalmente, sempre achei que isto de colocarem os fiscais de linha junto da linha era uma estupidez. Em todo o caso, quando o Braga visitar o Benfica, talvez seja bom que Jorge Jesus jogue com dois laterais de cada lado. Um do lado de dentro da linha, outro do lado de fora.
Segundo a opinião insuspeita e prestigiada de Cruz dos Santos, apesar do que por aí se berrou e dos cabelos que se arrancaram, não é certo que tenha havido penalty sobre Ruben Micael no jogo contra o Leixões. Ruben Micael protestou, mas a verdade é que Ruben Micael protesta contra todas as decisões de todos os árbitros. Aparentemente, alguém deve dinheiro a Ruben Micael, ao menos tendo em conta a superioridade chorona que ele exibe em todas as ocasiões. É muito divertida, aquela indolência sobranceira própria de quem parece estar convencido de que é o melhor jogador português. O drama de Ruben Micael é que nem sequer é o melhor jogador madeirense.
Na Luz, embora o futebol tenha sido menos bom do que é costume, o teatro foi de alto coturno. Comovente, o modo como Bruno Vale, depois de cortar a bola com a mão, tentou enganar o árbitro fingindo ter levado com ela na cara. Foi um bom momento, mas é uma estratégia que não resulta em qualquer estádio. No Dragão, por exemplo, os guarda-redes são expulsos mesmo quando levam com a bola na cara.
Hulk incorreu numa infracção punível com uma pena de seis meses a três anos. Em princípio, se houvesse circunstâncias atenuantes, seria punido com um castigo mais próximo dos seis meses. Se houvesse circunstâncias agravantes, seria punido com uma pena mais próxima dos três anos. Apanhou quatro meses. Recordo que a lei previa um mínimo de seis. A Comissão de Disciplina alega a existência de uma forte atenuante: Hulk foi provocado. Ficou provado que os stewards não insultaram nem agrediram (enfim, o equivalente ao Guarda Abel, como muito perspicazmente têm assinalado vários adeptos do quarto classificado). Mas, ainda assim, conseguiram provocar. As piores provocações são, como sabemos, as que não consistem em insultos nem em agressões. Daí constituírem as melhores atenuantes, e contribuírem para uma punição inferior ao que a lei estipula. Vamos supor que, em vez de uma atenuante, a Comissão tinha identificado uma agravante. Alguém acredita que Hulk tivesse sido punido com um castigo superior ao limite máximo
Mas a desta semana merece estar no rol das melhores. É uma espécie de "direito ao contraditório" e às tantas vai valer ao RAP mais um processo ao RAP e como ele diz, mais uma goleada.
A chama imensa
Vamos contar mentiras
Por Ricardo Araújo Pereira
HÁ duas alturas em que uma equipa consegue fazer uma época mítica. Uma é quando os seus jogadores praticam bom futebol, despacham os adversários com goleadas, enchem os estádios. Outra é quando os seus adeptos se entretêm a inventar mitos. Na impossibilidade de verem a sua equipa cumprir os requisitos da primeira, há colunistas que se vêem forçados a optar pela segunda. É o caso de Miguel Sousa Tavares. A sua última crónica era um soberbo monumento de mistificação. Dizia ele sobre o Benfica: «[n]o último campeonato ganho, o do Trapattoni, (…) nos últimos dez jogos todos os golos dos encarnados aconteceram de penalty e livres inventados ou duvidosos à entrada da área». Ou seja: no ano em que o Porto teve três treinadores, e na mesma época em que obteve o recorde de maior derrota caseira da liga (os célebres 0-4 frente ao Nacional), como conseguiu o Benfica ganhar o campeonato? Como é óbvio, com o auxílio da arbitragem. De outro modo, não se concebe como teria podido superiorizar-se ao fortíssimo Porto de Del Neri, Fernandez e Couceiro. Não houve presidentes do Benfica a receber árbitros em casa, nem vice-presidentes apanhados a oferecer quinhentinhos, nem viagens pagas ao Brasil — mas foi demasiado evidente que os árbitros beneficiaram o Benfica naqueles «últimos dez jogos», em que «todos os golos dos encarnados aconteceram de penalty e livres inventados ou duvidosos à entrada da área». Só há um pequeníssimo problema. É que isto é mentira (lamento, mas não há outra palavra). Nos últimos dez jogos desse campeonato, o Benfica jogou, por exemplo, com o Gil Vicente. Ganhou por 2-0, com um golo de Mantorras de bola corrida, a passe de Manuel Fernandes, e outro de Miguel, também de bola corrida, a passe de João Pereira. Depois, jogou com o Setúbal. Voltou a ganhar por 2-0, com um golo de Manuel Fernandes de bola corrida (belo remate de fora da área) e outro de Geovanni, também de bola corrida, na sequência de jogada pela direita. A seguir, jogou com o Marítimo. Ganhou por 4-3, com dois belos golos de Nuno Gomes, ambos de bola corrida (um a passe de Miguel e outro após centro de Geovanni), outro de Mantorras, em lance de (talvez o leitor já tenha adivinhado) bola corrida, e ainda um de Miguel, em remate de fora da área, na sequência de livre de Simão. E ainda jogou com o Estoril. Ganhou por 2-1, com um golo de Mantorras, após um canto (não um penalty), e outro de Luisão, depois de um livre junto à bandeirola (não à entrada da área). Claro que houve jogos que o Benfica venceu com um golo de penalty, como o Benfica-Belenenses, curiosamente na mesma jornada em que o Porto ganhou por 1-0 ao Marítimo com um golo de McCarthy em fora-de-jogo. Mas, a menos que dez jogos tenham deixado de ser dez jogos, ou que a expressão «todos os golos dos encarnados» tenha deixado de significar «todos os golos dos encarnados», Sousa Tavares inventou um mito.
No entanto, o atraso de uma equipa no campeonato é directamente proporcional à capacidade de efabulação dos seus adeptos. Não se estranha, portanto, que Sousa Tavares tenha prosseguido: «lembro-me bem do penalty decisivo, no último jogo no Bessa, que foi dos mais anedóticos que já vi assinalado». Mais uma vez, é mentira (peço desculpa, mas não há mesmo melhor palavra) que o penalty tenha sido decisivo. O Benfica terminou o campeonato três pontos à frente do Porto. Sem o ponto que aquele penalty garantiu, teria sido campeão na mesma. Resumindo: como o Porto (ainda) não consegue vencer campeonatos estando dois pontos atrás do primeiro classificado, aquele penalty não foi, de todo, decisivo.
Finalmente, a propósito do golo do Braga, diz Sousa Tavares que «entre a saída da bola e o golo decorreram uns trinta ou quarenta segundos em que a bola passou por uns seis jogadores e poderia ter sido umas três vezes definitivamente afastada pelos jogadores do Marítimo antes do belíssimo pontapé fatal de Luís Aguiar.» Permitam-me que atalhe para informar que isto é, como dizer?, mentira. Entre a saída da bola e o golo decorreram, não quarenta, não trinta, nem mesmo vinte, mas dez segundos. E a bola passou por dois jogadores do Marítimo que, no meio de sucessivos ressaltos, não conseguiram sequer tirá-la da grande área. A título de exemplo, compare-se com o golo do Benfica ao Porto. Entre o fora-de-jogo de Urreta e o belíssimo pontapé fatal de Saviola decorreram 13 segundos. E a bola é tocada por quatro jogadores do Porto que conseguem afastá-la para bem longe da área. A diferença é que o lance do Braga é uma minudência, mas o do Benfica é uma mancha que ficará para todo o sempre.
É o que costuma acontecer aos moralistas: tanto tempo a acusar o Benfica de querer ganhar fora do campo, e afinal é o Braga que faz jogadas fora das quatro linhas. Domingos Paciência, que tem historial de estar a olhar para o chão e não conseguir ver lances polémicos, compreendeu o fiscal de linha. Disse que, provavelmente, o árbitro auxiliar não viu a bola fora porque «estava muito perto». Trata-se de uma hipótese brilhante. Pessoalmente, sempre achei que isto de colocarem os fiscais de linha junto da linha era uma estupidez. Em todo o caso, quando o Braga visitar o Benfica, talvez seja bom que Jorge Jesus jogue com dois laterais de cada lado. Um do lado de dentro da linha, outro do lado de fora.
Segundo a opinião insuspeita e prestigiada de Cruz dos Santos, apesar do que por aí se berrou e dos cabelos que se arrancaram, não é certo que tenha havido penalty sobre Ruben Micael no jogo contra o Leixões. Ruben Micael protestou, mas a verdade é que Ruben Micael protesta contra todas as decisões de todos os árbitros. Aparentemente, alguém deve dinheiro a Ruben Micael, ao menos tendo em conta a superioridade chorona que ele exibe em todas as ocasiões. É muito divertida, aquela indolência sobranceira própria de quem parece estar convencido de que é o melhor jogador português. O drama de Ruben Micael é que nem sequer é o melhor jogador madeirense.
Na Luz, embora o futebol tenha sido menos bom do que é costume, o teatro foi de alto coturno. Comovente, o modo como Bruno Vale, depois de cortar a bola com a mão, tentou enganar o árbitro fingindo ter levado com ela na cara. Foi um bom momento, mas é uma estratégia que não resulta em qualquer estádio. No Dragão, por exemplo, os guarda-redes são expulsos mesmo quando levam com a bola na cara.
Hulk incorreu numa infracção punível com uma pena de seis meses a três anos. Em princípio, se houvesse circunstâncias atenuantes, seria punido com um castigo mais próximo dos seis meses. Se houvesse circunstâncias agravantes, seria punido com uma pena mais próxima dos três anos. Apanhou quatro meses. Recordo que a lei previa um mínimo de seis. A Comissão de Disciplina alega a existência de uma forte atenuante: Hulk foi provocado. Ficou provado que os stewards não insultaram nem agrediram (enfim, o equivalente ao Guarda Abel, como muito perspicazmente têm assinalado vários adeptos do quarto classificado). Mas, ainda assim, conseguiram provocar. As piores provocações são, como sabemos, as que não consistem em insultos nem em agressões. Daí constituírem as melhores atenuantes, e contribuírem para uma punição inferior ao que a lei estipula. Vamos supor que, em vez de uma atenuante, a Comissão tinha identificado uma agravante. Alguém acredita que Hulk tivesse sido punido com um castigo superior ao limite máximo
12 comentários:
Off-topic, mas importante pois é sobre o golo sancionado pelo árbitro Martin Hansson contra o Arsenal.
Compro o "The Times" todos os dias. Hoje vem uma entrevista com Arsène Wenger que diz, entre outras coisas, "que acredita que o árbitro ou é incompetente ou desonesto, mas prefere acreditar que ele é incompetente".
Entre outras muitas considerações, diz que falou com vários outros árbitros (ingleses), que lhe disseram que Martin Hansson cometeu 5 (!) ERROS TÉCNICOS nesse lance. A saber:
1. Deixou que o livre fosse marcado num sítio diferente de onde aconteceu o lance.
2. Ele (o árbitro) não estava no sítio certo.
3. O árbitro não colocou os jogadores à distância correcta.
4. Não devia ter permitido que o livre fosse marcado quando ele (o árbitro) está no meio da acção. Impedindo, por exemplo, acção do defesa do Arsenal.
5. O árbitro só levantou a mão, por ser um livre indirecto, depois do livre ser marcado.
Eu considero os árbitros ingleses, em geral, os mais competentes do mundo. E não acredito que o Wenger esteja a mentir.
Eu embora não seja um especialista de arbitragem, concordo. Pela simples razão de não ser cego, pois isto que ele descreve é precisamente o que eu também vi. Enfim, fala quem sabe.
Os andrades, como é seu costume, desculpam-se com outros eventuais lances já ocorridos há alguns anos, mais ou menos parecidos (não iguais, atenção!). Como se erros anteriores desculpassem, ou até justificassem, os erros actuais. É mesmo próprio de gente intelectualmente corrupta.
Saudações Benfiquistas.
A crónica está genial. Vem ao encontro exactamente daquilo que venho a pensar há algum tempo e que basicamente é que os adeptos do clube corrupto não são burros ou naturalmente desonestos. Apenas é gente sem argumentos válidos para defender o seu clube, não por culpa sua, mas por culpa do clube que não cessa de demonstrar toda a podridão que lhe vai no interior.
E tal como o advogado do criminoso que foi encontrado em flagrante delito, há que atirar areia para os olhos inventando factos, apelando à jurisprudência de decisões passadas, ainda que não tenham nada a ver ou tenham sido mal tomadas, descredibilizando as provas e testemunhas da acusação, ainda que sejam factos vistos ou ouvidos por todos, culpando as vítimas, ao questionarem o estatuto dos stewards, invertendo a gradação das infracções, ao tentarem valorizar a provocação ainda que sem insulto em detrimento da agressão, e, por fim, tentando anular o julgamento, ainda que a lei, no caso Hulk, tenha sido aplicada abaixo dos limites mínimos de castigo.
Tudo isto é uma óptima estratégia de defesa à qual deveremos tirar o chapéu. O problema desta gente é que infelizmente o seu "cliente" não está em prisão preventiva e em vez de ficar em casa quietinho, insiste em ser apanhado em situações que o comprometem e que somente agravam o trabalho dos seus "advogados de defesa".
Por isso, da próxima vez, antes de insultarem esta gente, pensem um bocadinho e imaginem-se a ter que defender o Benfica sem argumentos ou só com argumentos que não convencem sequer o Menino Jesus.
PS: iBenfiquista, quanto ao lance do golo contra o Arsenal, apesar da defesa da validade do golo ir na linha do que disse acima, considero que da parte dos jogadores do FCP não há nada a apontar. Pois, tal como o Wenger, penso que a culpa é exclusiva do árbitro.
Esta crónica dá-nos a esperança de haver quem, perante o chorrilho de alarvidades do mst e outros, saiba desmontar a argumentação baseada numa conversa de marcha atrás para convencer os pobres adeptos deles, que se vêem obrigados a alinhar no .. ' inalinhável ': a pura batota.
Como deve ser triste ganhar com chitos e cafézinhos com leite e .. ter de gostar assim!
"considero que da parte dos jogadores do FCP não há nada a apontar"
Há a apontar o facto de serem manhosos, anti-éticos, quererem vencer sem olhar a meios e uns chico-espertos.
Espero que a partir de agora todas as equipas do mundo passem a marcar os livres indirectos o mais rápido possível, mesmo que seja a meio metro da linha de golo, mal o árbitro assinale a falta, o jogador passa a bola pro colega e este enfia lá dentro, será a subversão completa do futebol e em breve os penalties deixaram de ter sentido.
Quanto à crónica do Ricardo está indubitavelmente ao nível das melhores. Só prova que há benfiquistas que não dormem.
André Leal: claro que não culpo os jogadores portistas pelo lance. Eles fizeram o seu papel.
Agora o que eu aponto é para o facto da questão do árbitro ser ou não desonesto, que o Wenger - pessoa educada - prefere chamar de incompetente, não ajudar nada o facto da equipa de arbitragem ter sido recebida no aeroporto pelo maior corrupto da arbitragem em Portugal: António Garrido. Ainda vergonhosamente ao serviço e pago pelos andrades. Penso que Wenger desconhece este pormenor.
Por outro lado, censuro é o facto dos adeptos andrades, quase na sua totalidade, e que se notam por tudo o que é blogue benfiquista, virem, estes sim, desculpar o lance com a existência de lances parecidos noutras épocas. É isto é que eu qualifico como corrupção intelectual.
Nunca se pode, nem deve, desculpar um alegado erro com outro alegado erro.
"Hipócrita: um homem que assassinou os pais... e pede clemência alegando ser órfão". Abraham Lincoln.
Penso que a cena de ontem pode ser fonte inspiradora para os "Gato Fedorento"... Atenção Ricardo!
Hoje no Record, jornal com quem não simpatizo, Nuno Farinha, director adjunto:
"Detenhamo-nos, por instantes, numa história com 15 anos. Em 1995, Eric Cantona agrediu a soco e pontapé um adepto do Crystal Palace. O francês do MU acabara de ser expulso e encaminhava-se para o balneário. Foi provocado (reza a lenda que terá ouvido "french bastard") e reagiu da pior maneira. Isto é, Cantona estaria supostamente de cabeça quente, porque tinha visto o cartão vermelho. Foi insultado por um agente "não desportivo" e, logo no momento, decidiu resolver o assunto com um arraial de pancadaria. Não esperou por ninguém num beco escuro, nem sequer foi chamar reforços para o ajudar.
Perante os factos, o que fez o Manchester United? Pediu desculpa e, antes da chegada de qualquer sentença desportiva, suspendeu o jogador por 4 meses. Quando a Federação anunciou, depois, a pena de Eric Cantona ninguém foi apanhado de surpresa: 9 meses. O clube concordou e o assunto ficou arrumado.
Aqui continua o barulho e sabe-se lá até quando ainda irá continuar. Sobre o acórdão do CD da Liga relativo ao caso do túnel da Luz falta entender uma coisa: se ficou provado que o Benfica cumpriu com todas as mormas de segurança que os regulamentos impõem, fazendo tudo para evitar que os confrontos físicos e a desordem tivessem acontecido, como se podem então invocar atenuantes nos castigos de Hulk e Sapunaru em função de um quadro de "ambiente provocatório"? E se resolvessemos pedir um parecer sobre o assunto aos amigos ingleses?".
Agora, o que eu penso é que os andrades e a sua direcção perderam uma boa oportunidade, aproveitando este caso para somarem pontos a seu favor. Bastava copiar o bom exemplo do Manchester United. Era um bom exemplo para dentro e um bom exemplo para o país. Era o que fariam pessoas sérias e honestas.
Mas não. Eles preferem dar um mau exemplo ao país. Já é um hábito muito antigo que já lhes está no sangue e nos genes. O espectáculo de indignação de ontem foi confrangedor. Cheirou a hipocrisia e a falsidade da mais alta estirpe. E eles nem se deram conta do ridículo da cena que fizeram.
"Ninguém mente tanto como o indignado". Nietzsche.
Saudações Benfiquistas
Excelente crônica do RAP. Imaculada. Brilhante. Certeira. O plagiador deve estar em brasa...não consigo perceber como é que esta gente se permite dizer barbaridades e mentiras em público sujeitando-se depois a ser arrasado desta forma. O portismo torna as pessoas estúpidas.
Como é possível a pena mínima ser de seis meses e o arruaceiro verde levar apenas 4?!?!?! Isto é mesmo a república das bananas.
Caro Ibenfiquista: Eu sei que chapéus há muitos, mas qualquer dia deixo de ter chapéus para tirar aos seus textos. Assertivos, elegantes, bem construidos e demonstrativos de uma cultura acima de suspeita. É quase uma infâmia colocar-se em posição de ser rebatido por argumentos invios de quem não consegue ver a realidade dos factos, não conseguindo distinguir entre decência e imoralidade. Esta crónica de Ricardo Araújo Pereira ajuda um pouco a rebater a ignorância e a canalhice de se continuar a suspeitar da forma limpa e honesta como o Benfica ganhou o campeonato com Trapattoni e se prepara, com honestidade e limpeza, para ganhar o actual.
É triste, é podre e é conversa fiada que se pretenda desculpar um acto grave de indisciplina com uma leitura desfocada dos regulamentos. Os regulamentos são para se cumprir, não são para se iludir. Os regulamentos são como as escutas. Existem e estão aí para fazer prova de uma certa forma de estar no desporto, que deve ser banida, que deve ser responsabilizada. No dia em que o Benfica surgir associado, com provas indiscutíveis, de que cavalga nessa onda de violência e de dificil convivência com justiça desportiva, eu não deixarei de ser benfiquista, mas deixarei de apoiar a direcção do meu clube, porque acredito em valores morais, em principios de correcção desportiva. Isto é Benfica. Isto é o legado do maior e melhor clube português. Ganhar, mas não ganhar a qualquer preço. Mas também, é preciso que se note, que não devemos confundir isto com inacção, com cruzamento de braços, enquanto outros ganham de forma impúdica e desonesta. Porque se não devemos ganhar a qualquer preço, também não devemos perder a qualquer preço. A força do Benfica é suficiente, a prazo, para limpar os cantos da casa comum do futebol português. Quer o Migueis Sousas Tavares queiram ou não. Porque cumpre ao Benfica e aos benfiquistas, ganhar, por legado histórico, mas também fazê-lo de forma digna e honrada, em nome dos nossos valores morais. Os adeptos do Benfica compreendem isto. Todos temos as cordas vocais preparadas para o grito colectivo: «Campeões, Campeões, nós somos Campeões». O resto, é a habitual caravana do futebol português, que nos passa completamente ao lado.
fiquei chateado, com certeza que fiquei chateado…
Que grande texto, ibenfiquista. Acho que vou guardar isto para mim e para as futuras gerações.
Já ontem colocara no meu Facebook um excerto do teu texto sobre o artigo no Times. Os meus parabéns...
ML
Parabéns ao RAP e ao iBenfiquista, em cheio!
"I have a lot of good moments, but the one I prefer is when I kicked the hooligan."
Cantona
Enviar um comentário